quarta-feira, 26 de maio de 2010

Vida de professor!

Mesmo sabendo da enorme sinceridade das crianças, ainda assim é meio estranho se deparar com presentes como este aí do lado, que eu recebi em meados de abril, de um dos meus alunos "pestinhas", embora eu até hoje não saiba exatamente qual deles foi o autor da obra-prima. O desenho foi o centro das atenções na sala dos professores, que insistem em me dizer que tenho que ser mais enérgico com o pessoalzinho das quintas séries. Sinceramente, não sei o que fazer, então alterno o comportamento entre sargento e amigo. Por mais recomendações que me dão, não dá para ser sargento o tempo inteiro, pois eles, além de pestes, são crianças amáveis...


Outra pérola entre os souvenirs que carrego comigo, é esta carta bem ao estilo de fã de menudo... entregue a mim pela Fernanda Felix, minha aluna da quinta série D. Ao receber, não sabia o que falar. Agredeci secamente, mas grandemente comovido. E quando eu achava que já tinha visto de tudo, fazendo as notas do primeiro bimestre da turminha, decobri esta última carta entranhada no meu diário de classe, assinada apenas com um apelido: Dindi. Na aula seguinte, a autora da façanha se revelou: Ingrid, minha aluna e filha de uma diarista que, vez por outra, dá um trato na minha casa. A engraçadinha veio e perguntou: o senhor achou alguma coisa na sua caderneta? Eu, com cara de babaca enganado, sorri sem saber o que falar. - Meu apelido é Dindi. O senhor gostou do desenho que fiz pro senhor?
- Claro que gostei, respondi. Mas não faça mais isso, não é certo você mexer nas minhas coisas!
Essa é a vida de professor. Você vai do céu ao inferno em poucos segundos, como naquele brinquedinho do Hopi Hari, a Torre, na qual mal sai de um estado e já está no outro. Mas, confesso que esta tem sido uma experiência e tanto na minha vida. E como sei que é uma fase que vai durar muito pouco, tenho tentado aproveitá-la ao máximo, apesar da imensa cobrança que também há nesta carreira linda e digna, mas infelizmente tão desvalorizada pelo governo e pela sociedade de um modo geral.

sábado, 15 de maio de 2010

Seu olhar já me chamou... eu vou!


Caminho pro interior
(Bruna Caram/composição: Otávio Toledo)

A manhã nasceu lá fora
O meu tempo é mesmo agora
Já vesti a roupa colorida
Na cabeça vem aquele verso
Sobre o meu novo universo
A canção que é minha preferida
Nesse rio sei andar na beira
Desvario é essa cachoeira
Trilha subindo a mata
A vista que me arrebata
Essa estrada me chamou
Eu vou
Caminho pro interior

Quaresmeira se encheu de flores
Já calcei o velho tênis
Não tirei nosso bóttom da mochila
Ter de novo sua mão na minha
A razão por que andou sozinha
Nem sei mais, um sentimento não vacila
Escutei sua voz no vento
Coração salta no meu peito
Estou de alma lavada
Não chove mais na minha estrada

Seu olhar já me chamou
Eu vou
Caminho pro interior
Depois da inutilidade do último post (tá certo, Ada, não foi tão inútil assim...), trago a todos que desconhecem essa fenomenal cantora de MPB: Bruna Caram - aliás, fenomenal e linda. Uma vergonha para o gênero masculino, que insiste em ficar fazendo duplinhas sertanejas e os mais diversos bondes.
A música acima integra um dos discos dela e pode ser ouvida (e vista) na Jukebox ao lado.

Espero que gostem da dica!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Post inútil como olhar para o teto

Sinceramente... não tenho tido tempo de pensar em posts interessantes ou desinteressantes, nem em banalidades fúteis daquelas que se acham às pencas pelos dias da vida, então sigo a tendência de todo blogueiro sem assunto, e posto (posto?) um "non-sense post".

Vocês já repararam como é importante o teto de um consultório odontológico? Não? Então confessem... vocês não visitam uma cadeira de dentista há muito tempo! Pô, fantástico ficar olhando para o teto enquanto um homem ou uma mulher enfia os mais variados aparelhos metálicos na sua boca. E o pior é que os próprios dentistas (ou odontólogos, como queiram) não devem ir ao dentista, porque nenhum, até hoje, teve a brilhante ideia de pintar o teto do seu consultório com alguma paisagem para que os pacientes possam ficar olhando alguma coisa, além dequele branco gelo, enquanto é "estuprado" oralmente! rsrs.

Pô, dentistas! Vamos ser mais criativos... nós pagamos muito bem para que vocês nos deixem confortáveis. Instalem uma tela no teto e um projetor no chão e passem filmes (mas tem que ser os piratas, aqueles que ainda não saíram do cinema, mas que você consegue baixar pela internet ou adquirir nas melhores esquinas do ramo).

Bom, é isso... quem não gostou do post faça-me um favor: dirija-se o mais rapidamente a um consultório odontológico e sinta na pele o que estou dizendo!!!!

Até o mês que vem. Isso, é claro, se eu tiver tempo e ideias brilhantes para posts inúteis como esse! rsrsrs
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PS: Idea original sacada del blog "Palabras al viento", de Paula Mestrinel, la misma de las novelas "Paula del bairio" e "Paula del Jericoacoara"

PS 2: O blog em questão não está hospedado no endereço: http://palavrasaovento.blogspot.com
Essa não é nem nunca seria minha amiga Paulinha! Pelo amor de Deus!!!!

sábado, 1 de maio de 2010

E quando o segundo sol chegar?

"Meu pai um dia me falou... pra que eu nunca mentisse. Mas ele se esqueceu de dizer a verdade", e como isso acontece, hein? Dizer a verdade não é assim tão fácil, que qualquer mané (agora parafraseando Bezerra da Silva) tenha a capacidade de lançar mão. A verdade é um vômito que tem hora certa para acontecer. Não é simplesmente você enfiar o dedo na garganta para ele acontecer. Tem que esperar a convulsão natural, o espasmo na medida certa que leva tudo o que foi insuportavelmente intragável para fora, para quem quiser ver.

Falar a verdade irrita muita gente, incomoda outras e simplesmente inexiste para muitas. É algo tão repulsivo que chacoalha as estruturas. Uma máquina capaz de detectar mentiras, afirmam, percebe quando alguém a ela acoplado mente pelos sinais elétricos emitidos pelo corpo, que também afirmam, não foi feito para mentir e por isso sofre. Eu já acho que o corpo sofre é para esconder a verdade e não para falar a mentira ou como muitos políticos gostam de crer, omitir a verdade.

Ninguém vive na verdade absoluta, pois é um campo infértil quando a semente que é jogada é a sociedade, a convivência. Pra essas espécies vingarem, o terreno pode até ser composto de verdade, mas sem uma boa camada de mentira, não há broto que cresça.

Outro dia, um jovem me interpelou para perguntar que horas eram. Eu olhei para o relógio e lhe disse: meio-dia.

- Meio-dia, meio-dia ou quase meio-dia?

- Meio-dia em ponto?

- Falo sério. Que horas são?

E o que ganharia mentindo para um desconhecido sobre o horário? Repousei os olhos no relógio mais uma vez na esperança de ter visto algo errado e, assim, dar razão ao sujeito. Nada.

- É meio-dia em ponto. Reafirmei, voltando às passadas largas de antes.

- Mas, espera aí. Como é que pode ser meio-dia se o sol não está bem em cima de nós?

- Hoje está nublado. Não tem sol visível. Não tem como saber se ele está ou não bem em cima de nós.

- Ah, mas se você olhar bem, vai ver que as nuvens ali - apontou com o dedo indicador um dos amontoados brancos no céu - estão mais iluminadas. Isso porque o sol deve estar bem ali.

- Ah, então tá. Deixe-me ir agora, que estou atrasado para um compromisso.

- Você não está atrasado. É só o seu relógio que está adiantado, pois ainda não é meio-dia.

- Ok, você venceu... (batata frita...), meu relógio, apesar se ser de titânio e movido a energia solar com alta precisão em seu medidor de segundos, está errado perante à sua observação de um céu nublado no qual não há a menor possibilidade de ver o sol. Agora preciso ir, adeus!

- E é a Deus mesmo...

- Como é?

- É graças a Deus mesmo que hoje eu enxergo. Eu era cego até o mês passado. Hoje, consigo enxergar tudo. Então, procuro sempre ver o céu, contemplar o mundo lindo que Deus fez, para ver as horas, ao invés de ficar olhando pra uma máquina que o homem inventou para saber se está ou não na hora de almoçar.

- Mas, cidadão... foi você que me perguntou. Se você é tão bom, por que não olhou pro céu e pronto?

- Porque é sempre bom ter duas opiniões.

Virei-me e corri dali. O tempo fechou e o sol desapareceu. Na certa, já devia ser quase meia-noite!