quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Atenção classe... professor Tibúrcio chegou!

- Psor, mandaram perguntar se o senhor é casado? - perguntava uma das muitas meninas da sétima série de uma escola estadual. Gordinha e sorridente, ela se sentava logo na primeira fileira de carteiras, ao lado de outra amiga, esta bem mais introvertida, que por algumas ocasiões havia sido flagrada por mim direcionando seus olhares em minha direção, embora eu já tivesse enchido a lousa. A amiga era linda, mas ainda conservava o jeito tímido de menina que começa a descubrir o mundo de seus sentimentos em relação ao sexo oposto.
- Sou - respondi secamente.
Virei-me de volta para a lousa e continuei a escrever.
- Psor, mandaram perguntar se o senhor quer casar de novo, com outra, lógico! - insistiu a mesma menina, agora com um sorriso um tanto quanto mais malicioso do que eu gostaria de acreditar.
- Não... não quero!
- Psor, - chamou novamente antes que eu pudesse me mexer. - Tem gente interessada, psor!
- Ah é? Quantos anos você tem? - perguntei sem conseguir resistir.
- Não sou eu não, psor. Mas, eu não posso falar quem é!
- Mas, quantos anos você tem?
- Eu tenho 13. E o senhor?
- Sou muito velho... já tenho 15 - brinquei.
- Fala sério, psor!
- Quantos anos você acha que eu tenho?
- Uns 27...
Agradeci e voltei à explicação da matéria. Apesar de ocupar a mão com o pincel que punha o conteúdo no quadro, a cabeça foi longe... numa reflexão saudosista. É incrível como a vida se repete...

PS: A experiência de lecionar é incrível. Tô adorando bancar o professor Tibúrcio. E com certeza, esse néctar nutritivo frutificará em bons contos! Até logo classe...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De volta para o "horário de gente"

Ele durou quatro meses, mas pareceu quatro anos. Até que enfim o maldito horário de verão acabou. Como diria meu saudoso avô: "Agora sim, voltamos a ter um horário de gente! O velho ficava tão contrariado com o roubo de uma hora de seu precioso tempo que se negava a mexer nos ponteiros de seu relógio de pulso. Quando perguntavam-lhe as horas, ele dava duas opções: "Você quer saber o horário verdadeiro ou o falso?" Fosse qual fosse a escolha, não tinha escapatória: ouvia toda a indignação dele antes da informação pedida.
E não sei se foi por crescer ouvindo isso, que peguei uma certa birra com esse horário de verão. Ele é ótimo para quem pode levantar depois das 10 da manhã, porque pra quem precisa acordar muito cedo, é uma hora a menos que o organismo custa a acostumar. E quando finalmente se adapta a acordar com a lua e a chegar em casa ainda com o sol queimando os miolos, é forçado novamente a mudar. E o benefício disso é 1% de economia de energia. Muito pouco para um sacrifício fisiológico desse. "Se o caso é economizar energia, por que já não adiantamos umas duas, três horas de uma vez?", questionava meu avô. Eu já acho que se tem que haver esse sacrifício todos os anos por não haver outro jeito (falta de vontade, pois pra tudo tem jeito), então todos os estados deveriam entrar na roda e contribuir com uma hora de sono, afinal, isso é ou não é uma União?
Bom, mas agora tudo volta à sua normalidade: a globeleza parou de rebolar o rabinho de fora, o horário "de gente" voltou e o ano letivo começou... não falta mais nada! Quer dizer, falta trabalhar mais dois meses para pagar os impostos desse Brasil pra só aí começar a ganhar alguma coisa! Ô paisinho que rói o osso e arrota filé mignon!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dez anos... e parece que foi ontem!

Há dez anos, em fevereiro de 2000, eu me dirigia a Bauru, cidade então desconhecida para mim, a quase 300 quilômetros de Jundiaí. Minha missão: iniciar uma vida, que duraria, no mínimo, quatro anos. O primeiro passo foi encontrar um lugar para me instalar, mesmo que provisoriamente. Um pensionato chamado Fratello, localizado na avenida Dr. Gonzaga Machado, paralela à avenida Duque de Caxias, foi a pção mais sensata. Soubera do lugar por um panfleto distribuído na cantina central do câmpus, na data da matrícula. Tratava-se de uma casa/pensão mista com cerca de oito quartos que naquele ano chegou a hospedar 13 homens. As mulheres que apareceram por lá, com seus pais, infelizmente tiveram o bom-senso de não ficarem.
Dona Márcia era a responsável por manter a ordem da casa, cozinhando, lavando e passando para todos aqueles que, além de pagarem o aluguel mensal, também contratava seus serviços extras de café da manhã, lavagem e passagem de roupas. Seu marido, o Mané, era dono de uma lanchonete que ficava no caminho para a Unesp, o que motivava-os a substituir, vez por outra, as refeições que pagávamos, por lanches cujo preço era bem maior para nós que para o público em geral.
Dentre inúmeros quartos ainda vazios, optei por completar o quarto que já tinha três estudantes: Gabriel, Alexandre e Rafael. Este último era da minha turma, no curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, período noturno, na Unesp. Dona Márcia prontificou-se em pedir-me: cuide do Rafael, pois a mãe dele assim me pediu. Concordei, mas pensei: e quem é que vai cuidar de mim? O fato é que nos tornamos muito amigos, quase irmãos, quase não, irmãos mesmo... por vocação. Nos perdemos no primeiro dia de aula. Íamos de ônibus sem saber onde descer. O busão lotado de veteranos e bixos. E o Rafael, que mais tarde seria batizado por mim como Charlie, devido à semelhança psiquico-física com Charlie Brown, de Charles Schultz, resolveu descer no lugar errado. Eu, vestido com a camiseta do curso, segui-o. Até hoje não sei porque fiz isso. Talvez tenha sido o pedido da dona Márcia ou talvez não. Tivemos que achar o caminho até o campus a pé. E achamos. No trote, fizemos pedágio e às 23 horas, quando retornávamos para o pensionato, também tivemos que nos virar para achar o endereço de casa.
Vivemos pouco menos de três meses no Fratello e acabamos montando nossa própria república, junto com um outro Rafael, que mais tarde receberia o apelido de Barriga, unespiano do curso de Sistemas de Informação, também no período noturno, o que facilitou inicialmente a convivência. Fomos morar em um apartamento novo, na rua Christiano Pagani, no condomínio Villa Verde, no inesquecível apartamento 34-C, embaixo daquelas minas (rsrs).
Uma noite, sentados os três na cozinha ainda vazia do apartamento, que aguardava a chegada do restante da mudança, como geladeira, mesa e fogão, imaginávamos como seriam os últimos dias daquela república que começava naquele instante. "Isso vai demorar", observei. "Nem quero pensar nisso... vai ser muito triste", completou o Barriga, que sairia do grupo dois anos antes. Hoje, dez anos depois, sinto saudades daqueles dias de banho gelado e comida feita no micro-ondas. Como passa esse tempo, meu Deus!

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Foto 1: Charlie (à esquerda) e Alexandre - tempos de Fratello
Foto 2: Turma de Jornalismo Noturno (Unesp) nos primeiros dias de aula, ano 2000

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Brasil: uma folia só!

E com todo esse calor... finalmente descobri uma utilidade para o IPTU 2010 que chegou há uma semana pelo correio. Para aqueles que, como eu, também não veem retorno algum deste imposto ridículo que tem apenas um propósito: enriquecer os cofres do município e com isso, aumentar o poder, em todos os sentidos, dos prefeitos e das cambadas que o cercam, fica a sugestão: o carnezinho é ótimo para se abanar. É verdade mesmo! Eu comprovei. Como ele é composto de umas 15 folhas e é colado de um dos lados, tem o peso ideal para se abanar sem ficar cansado ou com mais calor. Experimentem, pois este é o único retorno que terão do dinheirinho suado (literalmente) de vocês.
Ouvi, ontem, um desses apresentadores de programa de TV sobre o carnaval dizer que carnaval é sinônimo de muita folia e diversão. Ops, acho que ele se enganou... primeiro porque sinônimos não existem, isso é pura alucinação linguística, e outra porque carnaval sempre combinou, no Brasil, com violência, imprudência e muita, mas muita morte no trânsito. E todo esse peso carregado pela palavra não pode dar a ela o sinônimo, ainda que suerficial, de diversão. Por outro lado, convenhamos que carnaval já deu o que tinha para dar. É a mesmice disfarçada de carros alegóricos e maquiada com discursos do tipo: "é o trabalho duro de toda uma comunidade". Uma banana para esse tipo de argumento. Faz muito tempo que carnaval não é mais isso. É uma indústria que aluga as ditas "comunidades pobres" para ganhar muito dinheiro às custas de parte de um povo mal instruído e sem preocupação de crescer pessoalmente. Eu, como jornalista, até o ano passado, havia cinco anos que cobria o carnaval jundiaiense. Acredito ter feito todos os tipos de perguntas que se pode ter para esta pauta, mas ontem pensei em uma que nunca tinha pensado, ao ver duas meninas de uns dez ou onze anos vestidas com aquelas micro-fantasias de mulatinhas precoces dizendo: "Eu sambo tantas horas por dia para um dia ser a madrinha da minha escola de coração". Gostaria de perguntar: e quantos livros você lê por ano, em média? Tenho certeza que a resposta não me chocaria. E o que é mais triste, não chocaria a maioria dos telespectadores que assistisse, simplesmente pelo fato de os mesmos também não apreciarem a leitura. Vivemos em um país de pouquíssimos leitores e muitos foliões. Talvez esteja aí a causa de tantos escândalos políticos.
Bom, mas como vivemos uma época de alegria e não de debates, gostaria de dizer que essa noite eu vou para o carnaval... beber algumas cervejas, dar uma calibrada e pegar a mulherada! E olha que isso já foi mais difícil, mas hoje... o difícil é passar pelo carnaval e sair invicto. Também... com tantas cachorras, tchutchucas, preparadas e mulheres-frutas é quase uma missão impossível não dormir com uma e acordar com outra né não mermão? Um abraço a todos e até o próximo post, que muito provavelmente terá como título: "peguei geral!". E shindô, skindô...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nem tão curto, nem tão grosso (parte 5)

Seu Madruga era o cara!

Já ouvi muitos fãs da série Chaves dizer isso, mas atualmente estou vivendo na pele uma das maiores pérolas de Seu Madruga, o inquilino caloteiro da vila do senhor Barriga. "Não há nada mais trabalhoso do que não trabalhar". E não há mesmo. Economizar dinheiro quando não se tem a entrada de qualquer receita, é angustiante. Felizmente, não devo 14 meses de aluguel nem tenho uma filha para criar. Mas, a espera pela divulgação do resultado do concurso para Oficial de Justiça, cuja prova foi realizada em outubro do ano passado, se torna, cada dia, mais exaustiva. O pior é que apesar de ter ido bem, não acredito que terei nota suficiente para me colocar entre os 14 primeiros que serão chamados a tomar posse do cargo. Por isso, preciso de um emprego!!!!!

Alzheimer

Uma notícia que ninguém gostaria de receber foi dada para a minha família esta semana. Minha avó está com o mal que, atualmente, atinge mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela completou, no fim de janeiro, seus 79 anos, mas já há algum tempo dava sinais de que era possível haver alguma patologia nesse sentido. De acordo com o diagnóstico, minha vó está na fase 2 da doença, vivendo na época em que os sete filhos eram pequenos e meu avô ainda era vivo. É chocante observar suas reações de vez em quando. Ela fala como se seus filhos ainda morassem com ela. Graças a Deus, a doença chegou agora, nos seus quase 80 anos, idade que já não lhe permite muita atividade e, por isso, o mal não é capaz de causar-lhe grandes incômodo. A partir de agora, todos da família sabem que é como se ela vivesse em uma eterna peça de teatro e que nos cabe, simplesmente, entendê-la, chegando a participar do faz-de-conta em algumas ocasiões.

Hábitos insalubres do brasileiro

É incrível como não há incentivo por parte dos super/hipermercados brasileiros para que as pessoas adotem hábitos saudáveis de alimentação. E esse fato é facilmente constatável, sobretudo no setor de bebidas. Experimente procurar naquelas geladeirinhas abarrotadas de coca-cola e outros refrigerantes, uma latinha de chá. Pura perda de tempo. Pelo menos em Jundiaí, você nunca encontrará uma latinha ou embalagem de um litro de chá vermelho ou verde ou branco da linha Feel Good, que aproveitando a ocasião, quero recomendar a todos os amantes dessa bebida. Agora, se seu intuito é se embebedar, aí o número de opções é quase infinito: vodka, cerveja, espumantes e por aí vai... tudo geladinho, pronto para o consumo e para acabar com o fígado. Mas chá, que possui diversas propriedades nutricionais, não, de jeito nenhum. Se quiser algo menos ruim, tem que se contentar com os sucos, geralmente cheios de conservantes. É por isso que Japão e os países asiáticos em geral estão sempre nas últimas colocações no ranking da obesidade.