domingo, 26 de junho de 2011

Feriado prolongado - da Capital para o interior















Olhos de ressaca, como os de Capitu, porém, com menos lirismo.
Ceú prateado, nuvens, chuva que vem, mas não chega, muito menos molha.
Clima morno, aparentemente nebuloso, cheirando a fracasso.
Coisas sem nome, sem forma, sem gosto e sem ânimo.

Fadiga.

Hoje, nem a minhoca quer mais a terra.
Hoje eu não sou.
Hoje eu não vou.
Hoje eu não faço.
Mas planejo.

Autopiedade.

Sonhos bestiais de juventude, que se frustram e que se esperam frustrar.
Realizações pequenas, adultas, simpáticas, mas possíveis.
Olhos de ressaca, como os de Bentinho, porém, com menos lirismo, com menos entusiamo.
Céu prateado, nuvens, chuva que vem e permanece vindo, num indo infinito.
Coisas, apenas coisas.

Amanhã, se não for um lindo dia, eu não saio do casulo.
Amanhã eu volto a ser.
Amanhã eu volto.
Amanhã eu...

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Capitu e Bentinho são personagens do livro de Machado de Assis, "Dom Casmurro".

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Nome Próprio


Acabei de assistir ao filme nacional "Nome Próprio", de 2007, dirigido por Murilo Salles e estrelado por Leandra Leal. Filme intenso, como toda boa película nacional. Conta a história de uma escritora, que vive o livro que pretende escrever, quer dizer, escreve o livro que quer escrever vivendo-o, quer dizer, vive o que escreve e faz o livro, quer dizer... algo mais ou menos assim. Já falei que o filme é intenso? Já. Mas é intenso mesmo, desde o primeiro segundo, que aliás, começa com uma nudez quase total da belíssima atriz.
Além de intenso, o filme também tem cenas nojentas, cruas, em carne viva... Não sei porque (e por favor, me digam se concordam acaso vejam o filme), mas a história me remeteu aos conflitos existenciais de Clarice Lispector. Camila, brilhantemente interpretada por Leandra, se joga no mundo, se expõe, de despe a todo momento em busca do seu eu, de suas palavras, de seu universo, de seu "corpo-palavra". Achei interessante esta construção, e concordo com ela. Quando escrevo, me encontro, e para me encontrar não posso ter pudores, tenho que me mostrar, então me construo, me notando, sentindo meu corpo, meu corpo-palavra.
Filme extenso, mas como todo filme que propõe não uma, mas muitas reflexões, traz a sensação de recompensa ao final. Recomendo a todos aqueles que, assim como eu, sente todos os dias a literatura pulsando na veia do braço insistindo em jorrar.

domingo, 19 de junho de 2011

Desesperos Juninos

Hoje finalmente resolvi retomar o blog. Estou de férias da faculdade! Ufff... E estou também, de uma certa forma, de férias do trabalho, já que consegui terminar todos os jornais antes do prazo previsto. Uffff 2...

Estou um pouco triste e um pouco feliz. Estou normal. A Mel, apavorada com os estalinhos e estalões de São João, entrou em desespero ontem, enquanto estávamos fora, e tentou escalar novamente o muro de casa para fugir, consequência, ralou os dedos das patas trazeiras de tal forma que perdeu quase todas as unhas e pintou o muro de vermelho, assim como toda a minha cozinha. O susto foi grande quando chegamos do passeio. Tive que, mais uma vez, bancar o veterinário e fazer o curativo na pior pata. Só pela manhã é que vimos o muro pintado. Uma cena horrível. Parecia o cenário de um crime. O curioso é ver como qualquer bombinha a deixa nervosa, a ponto de se tremer toda, a ponto de se autoflagelar na busca pelos donos.
É nessas horas que a gente vê como são indefesos esses bichinhos. E é aí que eu penso no filho que, em breve, trará mais alegria para minha casa. Assim como a Mel, essa criança também será indefesa e cheia de medos, que dependerão de mim para sobreviver ou não aos escuros, aos raios, aos rojões ou às expectativas da vida. É muita responsabilidade... E parece que nunca estaremos prontos para tal missão...
A Mel se recupera e eu tento recuperar o muro, apagando a cena do crime. É uma pena sem fim. E para evitar que tal cena se repita, hoje baixei a lei aqui em casa: a Mel não fica mais pra fora ao sairmos. De agora em diante, a casa (pelo menos o lado de dentro) é dela, pra se esconder onde quiser, afinal, é membro da minha ainda pequena família, ou não é?