sábado, 29 de janeiro de 2011

Post suado esse!

Calor... nada pra assistir... nada pra fazer no computador... nos planos de última hora, uma garrafa d´água gelada que me espera na geladeira, no andar de baixo, e umas tecladas e backspaçadas com uma tia que se encontra em Praia Grande (lotada, diga-se de passagem, pois o povo só pensa em praia no verão) e que está com insônia por causa do calor.
Sábado tem se tornado irresistivelmente entediante com tanto mormaço e chuvas estrondosas no início da noite. E por falta do que fazer, quem sofre é o blog. E é bom esclarecer que falta do que fazer nada tem a ver com ócio. Ócio é criativo, já disse sabiamente Domênico de Masi. Não ter o que fazer é revoltante. A semana inteira você passa pelo sufoco de ter que dar conta do trabalho e da sua vida social, pensando apenas no dia em que você poderá dar sequência naquele projeto esquecido na gaveta ou naquela pasta que você já nem sabe em diretório de que HD ficou e quando finalmente o final de semana chega você se depara com o "nada pra fazer". É de cagar mesmo (com o perdão da palavra)! Aposto que a segunda-feira vai trazer todo o ânimo e a refrescância necessária para que a minha criatividade volte a clamar pelo próximo ócio.
Mas, como diria uma velha amiga, se só tem "nada pra fazer" que fiquemos fazendo o nada, que já é melhor do que ter que fazer tudo!

Um abraço a distância a todos, já que o calor nos transformou em animais grudentos de tanto suor!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Palavras de dentro

É... eu sei que você não pensa mais em mim.
Também não penso mais tanto em você.
Mas a vida segue.
Infelizmente segue.
E o que se há de fazer se somos caixas repletas de memórias?
É... eu sei que a vida é presente, que o ontem e o amanhã não existem.
Mas cá entre nós, há um elo especial entre essas três dimensões.
Que une passado e futuro e cria um presente.
É por isso que você ainda vive em mim.
O melhor de tudo é poder lembrar.
O pior de tudo é poder lembrar.
A falta é o que mais dói.
E a maior dor é poder lembrar.
E a maior alegria é poder lembrar.
Ter consciência.
É... eu sei que tudo soa piegas.
Essa é a natureza do passado.
Mas no fundinho do coração, quem não é piegas?
Os anos acumulam-se no lado de dentro da íris.
Num filminho de eterna reprise a ser projetado nas paredes do meu eu.
O protagonista não sou mais eu.
Mas ainda assim, teimo em assisti-lo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Reprovação automática


Recebi esse texto e, tendo vivenciado em 2010 a experiência de ser um cobaia do Estado em seu laboratório maluco de como criar delinquentes subservientes aos interesses políticos da oligarquia brasileira, não fiz questão nenhuma de resistir em publicá-lo aqui no blog. Percam 10 minutos (30 para os mais lerdos rs) e leiam. Eu bem que gostaria que isso tudo fosse uma piada, mas é a pura tragédia mesmo! A carta é de um advogado indignado (assim como eu) com a desvirtude das novas (e cretinas) gerações. Apreciem!
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Amigos,


Embora há muito tempo desligado daquela instituição, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix (BH), fiquei profundamente consternado com o caso do universitário que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coração de seu professor, na cantina, em pleno horário escolar, à frente de todos.

Escrevi um desagravo e, em minha opinião, a pérfida ilusão vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos à violência moral e física.

Espero que, se concordarem com os termos, repassem adiante, sem moderação. A divulgação é livre.
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que traumatiza". A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha". Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar `tudo isso que está aí'; "mais importante que ter conhecimento é ser `crítico'."

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo".

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos,equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos"e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os "cabeça – boa" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados,tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro".

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo."

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.


Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Primeiro post de 2011

Primeiro post de 2011. Primeiro nascer do sol. Primeiro novo olhar apaixonado. Primeiro despertar em casa após três dias de cantorias e instrumentices. Primeiras gotas de chuva a aguar a manhã e também o dia inteiro. Primeiras campainhas de telefone tocando. Primeiros planos de como retomar o trabalho. Primeiro banho. Primeiros problemas. Primeiras contas a serem pagas com urgência. Primeiros sorrisos. Primeiras lembranças de uma tragédia que quase aconteceu. Primeiras novas (re)promessas de amor. Primeiros metros de caminhada na esteira ergométrica. Primeiras calorias perdidas. Primeiras gotas de suor a serem expulsas pelos poros. Primeiros e-mails lidos e outros (tantos) deletados. Primeiros... E logo logo virão os segundos... Haja fôlego para 2011... Haverá.