sábado, 28 de fevereiro de 2009

Hotel Mumu (parte 1)

O ano era 1996 e eu ainda me esforçava para passar no vestibular de medicina. E nessas loucuras que todo vestibulando doido faz, lá fui eu para Mogi das Cruzes tentar uma das disputadas vagas da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes).

Ao meu lado no que se tornou uma verdadeira aventura, estava Carlos Henrique Drovetto Júnior (acho que era esse o nome dele), que, pela proximidade alfabética com o meu Carlos Gustavo, havia sido meu vizinho de carteira, naquele ano, em três vestibulares. Se bem me lembro, ele se sentou atrás de mim nos vestibulares da Unicamp, Fuvest e Unesp.

A coincidência tratou de nos unir e, após o terceiro vestibular, combinávamos de ir juntos à Mogi. Enquanto eu me matava de estudar para medicina, ele tentava Fisioterapia, curso menos concorrido.

Fomos para Mogi com o pai de Drovetto. Lá, procuramos em todos os hotéis um quarto que coubesse em nosso bolso. A aventura começou quando decidimos dormir as duas noites num hotel, de propriedade de um português safado, localizado a uns 2 quilômetros do câmpus. Sinceramente, não consigo me lembrar do nome, apenas do apelido que tratamos de colocar na espelunca: Mumu. Do Latim, 'Muquifus est'.

Não é que o Mumu fosse um hotel ruim. Longe disso. Pra ficar ruim, ele ainda teria que receber muitas melhorias. Melhorias estas que o safado do português, que alugava os quartos para a prostituição mogiense (disso só saberíamos mais tarde), não estava disposto a fazer, óbvio.

O fato é que, enquanto eu e o Drovetto, na presença do pai do mesmo, acertávamos as diárias com o português, tudo parecia em ordem.

- O senhor pode ficar tranquilo, porque nosso hotel é muito bem conceituado. É um hotel de família - Exclamava o luso ao pai do Drovetto - E se vocês quiserem almoçar ou jantar, existe um restaurante muito bom aqui mesmo, na esquina desta rua, onde a comida é caseira, muito bem feitinha e bem baratinha.

Outra armadilha, pois o restaurante também era dele.

Ao entrarmos no quarto que dividiríamos, a triste constatação: havíamos caído no conto do vigário, ou melhor, do português. Um cheiro de mofo insuportável em um cubículo sem qualquer higiene. Apenas uma cama de casal, com um colchão fino e um banheiro que, ao mesmo tempo em que se tomava banho, se escovava o dente.

Logo na primeira noite, pouco antes de tentarmos dormir, vimos o portuga alugando, por meia hora, quartos para casais que se formavam às pressas na calçada do Centro (nesse eufemismo eu me superei, hein?).

No quarto, um cara-e-coroa mal jogado, deu-me o direito à cama, restando ao Drovetto, a opção do chão com um colchãozinho macabro, daqueles que Freddy Krueger teria receio de dormir.

Deitamos e, por via das dúvidas, não apagamos a luz. Logo percebi que a cama não era a melhor opção, pois o colchão de tão fino permitia que eu sentisse o estrado da cama nas costas. Mas como todo vestibulando tem ideias criativas, tive a minha também, dobrando o fino colchão em dois e transformando assim, uma cama de casal em uma de solteiro.

De nada adiantou.

- Cara, quer fazer o favor de dormir! Reclamava Drovetto ao me ouvir virar de um lado para o outro impaciente.

- Meu, você fala assim, porque tá aí, no maciozinho. Retruquei com má intenção.

- Você quer trocar?

- Só se for agora!

Enquanto trocávamos de lugar, ouvíamos vozes do quarto ao lado.

- Nossa minha princesa, mas como ocê tá cherosa!

- Oh minha preta, venha aqui que eu vou lhe dar um trato!

Prostitutas faziam a alegria dos peões. E faziam também nossa vontade de sair dali e ir dormir debaixo de qualquer ponte, aumentar a cada minuto.

Continua...


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Foto: essa era a porta do nosso quarto, que dava para um quintal, onde os peões e as 'princesas' se encontravam pouco antes de 'se conhecerem melhor'

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Nas ondas do rádio, amigos em frequência modulada


Depois de longos anos em um lugar onde minha capacidade profissional era ignorada e minha paciência posta à prova diariamente, enfim, me sinto outro. Sinto-me como uma criança experimentando a nova casa, a nova vizinhança, os novos amigos...
Sinto-me respirando novos ares e aspirando novos horizontes. Eu sei que esse papo pode parecer meio brega, cafona mesmo, mas é assim que eu estou me sentindo no novo emprego. Um aprendiz que precisa e quer descobrir um novo mundo, um mundo de sensações que, mesmo num primeiro momento parecendo confuso e inintelegível, me atrai. Adoro desafios e o rádio se mostra pra mim como um desafio à altura dos meus anseios. Então... decidi mergulhar nesse mundo feito de sons e silêncios.
A cobertura do desfile das escolas de samba de Jundiaí na avenida Prefeito Luiz Latorre, no último domingo, me deixou alucinado (e acabado de canseira). Uma correria como nos velhos tempos de foca no impresso. Fiz de tudo, entrevistei foliões, autoridades municipais, carnavalescas e só não fui pra galera na arquibancada porque infelizmente o microfone sem fio não pegava até lá.
Experiência inigualável... só quem experimenta é que sabe o quão arrepiante pode ser o jornalismo radiofônico, embora eu nunca vá abandonar minha eterna paixão, a escrita.
Um beijo especial para a Luciana Müller e para a Tereza Orrú, amigas de impresso do JJ, um abraço especial ao meu novo amigo Geléia (à minha esquerda), técnico de som da Difusora e um beijo superespecial à minha nova amigona da rádio, Lívia Zuccaro, que tem se mostrado uma pessoa sensacional no dia-a-dia da loucura do estúdio.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Quem poderia imaginar? Meu avô podia!

A bomba de combustível estampava o preço da gasolina: algo em torno de R$ 0,62 o litro (transformando o então cruzeiro pelo real de hoje). Era final dos anos 80 e eu, como sempre, acompanhava meu avô em mais uma de suas saidinhas básicas de carro. O velho gostava de dirigir.

Gostava não, era vidrado num automóvel. Tanto que, segundo os arquivos fotográficos de família, ele havia sido um dos primeiros moradores da vizinhança pobre em que morava na época em que ainda começava a grande família de sete filhos, a possuir um carro.

Outro fato que, nesse caso, poderia depor a favor, é ele ter trabalhado durante quase 40 anos como motorista do Departamento de Estradas e Rodagens - a DER, e ter se aposentado lá.

Bem, voltando ao assunto, o fato é que meu avô era apaixonado por uma direção e, vez por outra, me chamava para uma volta quase sempre sem finalidade. Inventava desculpas mil para ter uma razão para sair.

E agora, abastecendo o carro num posto qualquer, esbravejava contra o preço da gasolina. Dizia que era um absurdo. Que daquele jeito onde é que o preço ia parar. Que o jeito seria começar andar a pé (e viver no meio do mato, próximo a um rio), enfim, resmungando como um típico brasileiro, descendente de portugueses e ingleses que era.

Aliás, meu avô, Daniel, costumava profetizar que o futuro da humanidade estaria na volta ao campo, ou nas palavras dele, na volta ao mato.

- Do jeito que tá cara a força (energia elétrica), o gás e a água, não vai dá pra ficar muito tempo na cidade (zona urbana) não. Logo logo vamos ter que arrumar um lugarzinho no meio do mato, onde tenha um riozinho e voltarmos a viver como antigamente, de vela, água do rio e de fogão a lenha.

Mal suspeitava eu, que um dia todas essas profecias fariam sentido para mim. Se analisarmos os efeitos da devastação do meio ambiente pelo homem, concluímos que, de fato, o futuro nos reserva uma volta ao passado, ou às origens. Mas tudo isso, naquela época, eram apenas divagações de meu avô, as quais me faziam dar risadas.

Acabado o abastecimento do automóvel, o frentista entrega a chave e recebe o dinheiro: algo que hoje corresponderia a R$ 31 mais ou menos por um tanque cheio de gasolina. Ele liga o carro e faz a previsão mais certeira que eu já ouvira.

- Essa gasolina não para de subir... onde vai parar isso? Daqui a pouco um litro de gasolina vai estar mais caro do que um litro de leite!

Meu avô se foi no dia 26 de dezembro de 1994. Poucos dias antes, hospitalizado, ele confessava para um de seus filhos que não via a hora de sair dali para dar umas voltas de carro. Hoje, quando abasteço meu carro e vejo que, há muito, o preço da gasolina ultrapassou o do leite, concretizando o que, no final dos anos 80, não passava de um absurdo, sinto ouvir meu avô dizendo baixinho pra mim:

- Tá vendo? Eu não disse que um dia a gasolina ia ser mais cara do que um litro de leite? Onde é que isso vai parar...?
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Foto: Meu avô e eu, seu fiel escudeiro. 1982.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Duas coisas sempre podem acontecer!




Na vida de um homem, duas coisas podem acontecer:

Ou ele é civil ou é militar.

Se ele for civil, tudo bem.

Se for militar, duas coisas podem acontecer:

Ou ele vai pra guerra ou não.

Se ele não for, tudo bem.

Se for, duas coisas podem acontecer:

Ou ele morre ou não.

Se ele morrer, tudo bem.

Mas se ele não morrer, duas coisas podem acontecer:

Ele pode ser ferido ou não.

Se ele não for ferido, tudo bem.

Se ele se ferir, duas coisas podem acontecer:

Ou ele é tratado por uma enfermeira ou por um enfermeiro.

Se ele for tratado por um enfermeiro, tudo bem.

Se ele for tratado por uma enfermeira, duas coisas podem acontecer:

Ou ele se apaixona ou não.

Se ele não se apaixonar, tudo bem.

Se ele se apaixonar, duas coisas podem acontecer:

Ou eles se casam ou não.

Se eles não se casam, tudo bem.

Se eles se casam, duas coisas podem acontecer:

Ou eles têm filhos ou não.

Se eles não tiverem filhos, tudo bem.

Se eles tiverem, duas coisas podem acontecer:

Pode ser homem ou mulher.

Se for mulher, tudo bem.

Se for homem, duas coisas podem acontecer:

Ou ele é civil ou é militar...

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Extraído do curta-metragem "Na vida de um homem duas coisas podem acontecer". Considerado Melhor Vídeo pelo júri e voto popular no Festival Mundial do Minuto 2000.

Melhor vídeo de Jovem Realizador Festival de Salvador 2000.

Direção: Flavio Meirelles

Locução: Dênis Garcia

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Acreditar é tão bom...



Acredito que acredito
(Gustavo Beraldi)


Tem gente que acredita em duende.
Tem duende que teima em não acreditar em gente.
Tem aqueles que em nada acreditam.
E talvez por isso, sejam os que mais acreditam em si mesmos.


Eu acredito em muitas coisas nessa vida.
Acredito no que escrevo e no que falo.
No verbo e em seus predicados
Apenas nos adjetivos é que tenho minhas ressalvas.


Acredito também na manhã e no amanhã.
Acredito no sabor doce e amargo da vida.
No encanto e no dissabor de um obstáculo.
Num olhar e num dobrar de pernas.


Eu sinceramente acredito no calor e no frio.
E no quanto os dois lados significam um para o outro.
Acredito nas glórias, mas mais ainda nos tropeços.
Na desilução e no ímpeto de um arregalar de olhos.


Acredito na mentira e em suas consequências.
Só não ouso crer no medo de ousar.
Embora acredite um pouco no medo.
E no medo do acreditar demasiado.


Eu acredito sim, em Deus e em nosso Senhor.
Só não posso crer na burocracia humana que interpõem ao seu louvor.
Acredito, no entanto, na força de um pensamento positivo.
E na oposição de sentimentos como nutrição para a construção de um verdadeiro ser humano.


Acredito na força de uma amizade.
Na sua fantástica capacidade de se superar e se reinventar.
Na sua importância para aqueles que, abençoados, podem dela desfrutar.
E é no amor, que eu mais acredito...


Como única forma de se evoluir.
Como única forma de se sentir.
E de se fazer existir.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Entre linhas e suicídios, vive-se!

E eu... não vou nada bem...


Chatterton
(Serge Gainsbourg)


Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem

Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem

Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu

E eu puta que pariu não vou nada bem...
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Aos amigos: brincadeirinha, estou superbem
Aos inimigos: façam como Chatterton
Aos curiosos: Thomas Chatterton nasceu em Bristol (Reino Unido) e foi educado pela mãe, viúva desde antes do seu nascimento, que administrava uma escola para moças. Desde cedo mostrou não ser uma criança comum, detestando brincadeiras e passando muitas horas em contemplação, ao ponto de muitos desconfiarem que o rapaz fosse retardado. Sua mãe reconheceu, no entanto, que se tratava do oposto e ensinou-o a ler. Rapidamente Chatterton ficou um aficcionado da leitura, interessado sobretudo pelos escritores medievais e poesia vernacular. O seu maior talento se revelou na escrita e aos 11 anos já escrevia regularmente para o Bristol Journal.
Em 1768, Chatterton publicou no jornal o poema "Elinoure and Juga", que ele anunciou como obra de um monge do século XV de nome Thomas Rowley. Na verdade, a poesia era dele, mas Chatterton manteve a farsa e explicou que tinha descoberto o manuscrito perdido numa igreja de Bristol. A obra fez sucesso e Chatterton publicou "An Excelente Balade of Charitie e outros poemas de Rowley", sem nunca assumir a verdadeira autoria.
No entanto, o talento não foi suficiente para lhe trazer o sucesso imediato que a sua ambição pedia. Em Junho, Chatterton viu outra das suas composições medievais ser rejeitada para publicação. Sem meios para se sustentar nem esperança para um futuro melhor, acabou por se envenenar com arsênico pouco antes de completar 18 anos.
Chatterton só foi universalmente reconhecido como o responsável pela invenção do monge Rowley no século XIX.
Seu Jorge e Ana Carolina - Chatterton

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sentido mental



Sentimental
(Los Hermanos)


O quanto eu te falei que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei...
Você me avisar, me ensinar,
falar do que foi pra você, não vai me livrar de viver !

Quem é mais sentimental que eu?!
Eu disse e nem assim se pôde evitar...

De tanto eu te falar, você subverteu
o que era um sentimento e assim fez dele razão...
pra se perder no abismo que é pensar e sentir

Ela é mais sentimental que eu!
Então fica bem...
...se eu sofro um pouco mais...

"Se ela te fala assim, com tantos rodeios,
é pra te seduzir
e te ver buscando o sentido
daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria."

Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir... e rir.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dois dias num só coração


Sinceramente... sei que tenho andado cansativo, repetitivo, enfim, um saco mesmo, mas a verdade é que este tem sido o meu estado de espírito nas últimas semanas, nos últimos meses. Tenho andado tão deprimido, que até aqui, neste blog, venho sendo alvo de censura, como se já não me bastasse ter sido vítima da censura inescrupulosa há alguns meses.
Bom, como me propus a escrever neste espaço somente coisas sinceras, não me importarei em agradar ou desagradar a quem quer que seja...

Vamos começar pela parte boa do meu dia.
Hoje foi o primeiro dia em que, de uma vez por todas, encarei o jornalismo radiofônico. Acordei junto às galinhas, exatamente às 4h45, com o dia ainda escuro, após uma noite pouco dormida, na qual apenas a ansiedade teve vez. Às 6 horas da matina lá estava eu, na portaria do Jornal de Jundiaí, com a pretensão de conseguir um carro e ir até o meu novo local de trabalho. Pura ilusão. O porteiro me olhou com cara de quem estava achando aquilo tudo uma brincadeira e sacou a desculpa pronta no bolso: "Não deixaram nada avisado aqui. Se o senhor quiser pode esperar o encarregado do setor chegar, às 7h30, para ver se ele está sabendo".

Sete e trinta? Às 7h30, meu senhor, eu tenho que estar preparando minha segunda entrada ao vivo com o boletim do trânsito na cidade. Rádio é assim. Não dá tempo pra pensar, como se faz em impresso. É entender e passar a informação de uma só raquetada, mas é claro, sem tropeçar e sem chance de errar, afinal, como é que se volta o dito?

Liguei para meu novo chefe e do outro lado da linha, em tom de espanto que mais tendia para a desolação, limitou-se a um "que merda, e isso porque eu avisei pra duas pessoas. Vem pra cá então", ordenou. Erros de comunicação dentro de uma empresa de comunicação são clássicos, embora aos olhos das pessoas que nunca entraram em uma seja o cúmulo do absurdo. O fato é que eles existem aos montes e a gente tem que aprender a conviver com eles se não quiser perder o humor logo pela manhã.

Na rádio, enquanto o chefe preparava minha pauta, eu observava o ex-vereador Kachan, apresentando seu programa musical. As antigas serestas, interpretadas por Nelson Gonçalves e cia, preenchem o programa. "Você não quer morrer quando ouve essas músicas logo às 6 horas da manhã?", desabafou o chefe. Indaguei se havia muitas pessoas, àquela hora, ouvindo a rádio. "Pior que tem, e gente que liga aqui pra reclamar de qualquer coisa".
No trabalho de campo, nenhuma dificuldade de 1º dia que não pudesse ser superada com um pouquinho de capricho. Ao todo, foram seis entradas ao vivo e uma entrevistada. Amanhã, terei a oportunidade de estar, novamente, na Câmara Municipal, na 1ª sessão ordinária da 15ª Legislatura. A diferença é que agora estarei por um veículo imediato e não mais sofrerei cortes de edição, como antes. Acho que vai ser emocionante.
Mas com eu disse no início desse post, foi no período da tarde, que meu tormento voltou para me atazanar. Enquanto eu aguardava, com o carro estacionado, nossa contato comercial entregar a um possível cliente, o Planeta, reparei na casinha em frente ao meu carro. Uma casinha localizada na avenida Fernando Arens, lá pela altura da Vila Progresso. Uma casinha nos melhores moldes dos meus desenhos de pré. Bonita, bem cuidada, mas simples. E ali, naquele instante, eu me imaginei feliz com a pessoa que mais amei na vida. Pareceu-me tão distante, que o impossível logo estava sentado ao meu lado no carro. Ele, aos berros, teimava em me informar que a esperança não haveria de entrar naquele carro, mas eu não quis ouvir, ao invés disso, meu coração se acalmou numa última batida que dizia: quem sabe um dia?
Só espero, sinceramente, que ninguém me critique por eu ainda conservar, mesmo não querendo, esse amor, que muitas vezes me faz mal, mas que também me ajuda a continuar acreditando na vida.