domingo, 28 de junho de 2009

Curto e grosso


Blog só para convidados


Foi uma medida necessária, já que meu blog sendo aberto possibilitava a cópia de seu conteúdo por pessoas que, nesse momento, tentam me prejudicar. É horrível saber que há pessoas que não merecem o título de gente. Tenham certeza que só restringi o acesso por extrema necessidade, pois sempre defendi a liberdade de expressão e divulgação.


STF se confunde e frustra jornalistas graduados


Não comentei antes porque a meu ver trata-se de um debate já vencido e ultrapassado, mas eis aqui meu comentário a respeito de tão cretina decisão: um corpo de juízes que julga um diploma acadêmico algo que em nada acrescenta para o exercício de uma profissão, ainda não aprendeu a julgar. E se ainda não aprendeu, abaixo o diploma para o exercício da advocacia já!


Michael is dead!


É ridículo constatar que o mundo todo sofre da síndrome do "morreu virou santo". Nem bem Michael Jackson esfriava, a mídia já exibia intermináveis homenagens e lembrava a todo instante que o "Rei do Pop" havia partido desta para uma bem melhor. E mais, que o reino dos céus, que já contava com Elvis, Janis e Hendrix, agora ganhava também Michael. Nem parecia aquela mesma mídia sedenta por mostrar imagens do cantor-dançarino relacionadas a acusações de pedofilia. Que nojo ver que a mídia, no fim das contas, não quer trazer nada de útil à sociedade que a sustenta, mas apenas dar ao povo o que sua ignorância quer. A tempo: gosto do cantor desde o lançamento do álbum Thriller, em 1982 e sempre suspeitei das acusações feitas contra o astro, até mesmo pelo fato de as famílias aceitarem dinheiro em troca do arquivamento dos casos.


Brasil campeão da Copa das Confederações


Tirando o fato de a ente sempre ter aquele gostinho idiota de ganhar dos americanos, o fato é que minha vida, a partir de amanhã, continuará a mesma. Minhas contas estarão vencendo e eu não terei sequer um emprego que me garanta a remuneração suficiente para honrá-las, enquanto que os jogadores, mesmo quando derrotados, têm o privilégio de acordarem no dia seguinte e saber que continuam ricos, milionários. É ridículo a disparidade na distribuição de renda desse país. Por isso, não contem comigo para isso! Não desembolso um centavo sequer para sustentar esse vício e há um bom tempo nem preocupação quanto a fracassos e sucessos da seleção.


Vereador Paulo Sérgio


É engraçado que existam pessoas que, por mais que possam parecer zangadas com você, no fundo, te admirem. É o caso do vereador jundiaiense Paulo Sérgio Martins (PV), que por muitas vezes protagonizou minhas colunas e matérias no Bom Dia Jundiaí e também por muitas vezes desabafou comigo ou na tribuna da Câmara Municipal contra meus textos. Quem não se lembra a manchete do jornal que trazia a foto do delegado portando uma pistola durante uma sessão ordinária da Casa? Deu o que falar e por mais de uma semana escutei piadinhas do tipo: "se eu fosse você, não saía de casa. O delegado vai te dar um tiro!". Pois bem, encontrei-o no último sábado num famoso shopping da cidade e ele fez questão de parar, me cumprimentar e bater um papinho rápido comigo sobre minha saída do jornal e os rumos do Legislativo. Fiquei feliz em perceber que no fundo ele admirava meu trabalho. Ainda bem, pois a recíproca é verdadeira!


Tenham todos uma ótima semana!


sábado, 20 de junho de 2009

À 25 de Março... (Parte 2)


- Olha brow, ficou maneiro em você, hein?


Foi assim mesmo, foram com essas palavras que um dos inúmeros figurantes da rua 25 de Março interrompeu minha trajetória para me oferecer um negócio da China. Que era da China eu não tinha a menor dúvida, até que porque vinha escrito "made in China", mas se era legal aí já eram outros quinhentos, ou melhor, outros cenzão. A marca do relógio na mão do desconhecido eu não tive tempo de ver, pois com a minha recusa ele logo focou sua lábia no pedestre que vinha atrás de mim, mas cinco passos depois me deparei com um sujeito mais suspeito ainda. Era um carinha com cara de boliviano. Não tenho nada contra bolivianos, mas aquele vendedor seria o último na Terra de quem eu compraria algo.


- Tá precisando de toca CD e DVD pra carro? Comigo é bem baratinho!


- E por acaso você está se escondendo da polícia pra falar baixinho assim comigo? Foi exatamente isso que pensei. No entanto, preferi apenas agradecer tão bondosa oferta e seguir meu caminho.


Depois de recuperar as forças num dos MC Donald´s que sempre aparecem no seu caminho, afinal, confiar o estômago a qualquer uma daquelas barraquinhas não dava, fiz o caminho inverso da 25, ou seja, voltei pela calçada oposta. Foi emocionante ver um princípio de fuga dos ambulantes quando alguém gritou: "olha o rapa".


Eles vivem com os olhares distantes e com a toalha de sua banquinha com nós dados nas pontas. Tudo para facilitar o recolhimento e o desaparecimento da muamba.


Um policial militar, interpretando um honesto fiscal do comércio legalizado aproveitou o espaço deixado por alguns poucos camelôs que saíram ao ouvir o falso alerta, para exclamar: "se eu tiver que voltar aqui novamente, não vai sobrar mercadoria. Vocês estão avisados". Hipocrisia, demagogia pura. Quem anda por lá percebe que não passa de teatro.


Minutos antes, o próprio policial se encontrava em pé observando o comércio ilegal e nada fazia. A Guarda Municipal Metropolitana também, indiferente a tudo. Não deu para ver o que motivou a repentina inserta da polícia, mas logo logo a normalidade voltou ao local e os ambulantes puderam faturar a vontade.


E como faturam... E cá entre nós, são pessoas que assim como qualquer outra precisa defender o seu. A pergunta que fica é: por que raios o poder público não legaliza a situação? Por que não se desburocratiza o sistema para permitir que qualquer um que tenha vontade de trabalhar trabalhe?


A resposta só pode ser esta: porque do jeito que está está bom para os que detém o poder. O chapéu tem que estar aberto para que o homem público possa acenar com a possibilidade de enchê-lo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

À 25 de Março... (Parte 1)


Pode ser errado, mas é fascinante o mundo da rua 25 de Março, em São Paulo. O maior shopping a céu aberto do país e por que não dizer, da América Latina.

É impressionante ver a vontade que cada um dos milhares de ambulantes demonstram em vender suas mercadorias. Ontem me aventurei por lá.

Minha epopéia teve início logo depois da minha partida, ainda na estação ferroviária. Fui de trem, lógico, porque eu não sou bobo de perder as histórias que uma longa viagem de trem me renderia.

Já na ida, após a baldeação obrigatória em Francisco Morato, meu vagão foi invadido por uma família cigana, com todo o fedor que uma pessoa, ou melhor, que um bando de pessoas poderia carregar.

No total, eram quatro mulheres, um homem e quatro crianças, que embora não fossem tão horripilantes a ponto de me meterem medo, afujentaram os demais que se encontravam sentados ao meu lado.

Logo, as crianças tomaram conta de todo o banco que ficava do lado oposto ao meu e aproveitaram pra brincar, enquanto as mulheres, acomodadas no chão (que devia estar bem mais limpo que elas), conversavam em voz altíssima, gargalhavam e vez ou outra berravam para as criaturinhas que insistiam em pôr as cabecinhas para fora da janela e gritar contra o vento.

O cheiro era insuportável, mas o que mais me chamou a atenção foram os pés daquela gente. Pretos como se tivessem acabados de sair de um balde de piche. Da trupe que fazia a algazarra no banco, os dois mais velhos é que distrairam-me por mais tempo, ao iniciarem uma luta particular que acabou por envolver todos os demais familiares.

- Bate nele! Diziam alguns.

- Pula em cima dele! Retrucavam outros.

O combate se desenrolava nas reboladas do vagão e varria todo o chão do local. Rolavam feito bichos um sobre e sob o outro, numa gostosa e insalubre brincadeira, que frutificavam risos e advertia-nos a todos: o bom da vida é saber viver com o que se tem. Eita lição interessante, sô!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Uma redação inesquecível

Eis aí, um tempo em que trabalhar no Jornal da Cidade era prazeroso, mesmo com todas as dificuldades salariais, que, pasmem, eram muito maiores do que as atuais.

Mesmo assim, as repercussões de pauta com o chefe Luiz Lessi, as brincadeiras do sempre animado fotógrafo Nilson Cologni e os comentários ácidos de Robertinha de Sá, eram os ingredientes que faziam do expediente um período do dia não tão pesado e mais alegre.

Neste clipe, produzido por mim ainda no ano de 2005, dá para ver, além daqueles que permanecem tirando leite de pedra naquele periódico, o repórter policial Ivan Marcos Machado (hoje no JJ), Roberta Dutra (Pet News), que na época exercia a chefia e reportagem na parte da manhã e que ficou "P" comigo por tê-la filmado, Solange Spiandorin, que ainda não havia se aventurado no cargo e Paulo Grégio (atual freela no Bom Dia), além da Marcela, a secretária de redação, que adorava filmes alternativos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Inseparáveis

Abaixo, um conto que fiz há algum tempo para um concurso.
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Inseparáveis

− Poquinho pa mim, poquinho pu cê. Mais poquinho pa mim, mais poquinho pu cê!
Aos gritinhos, que intercalavam o diálogo, Mariazinha passava a manhã. Com as perninhas de fora, expostas ao sol agradável de antes das dez, ela carregava com as duas mãozinhas o copo de plástico cor de laranja. A mãe, de longe, observava a conversa da pequena criaturinha com o também pequeno brotinho de pinheiro enterrado na beirada do jardinzinho, que ficava aos pés do xodó da casa.
− Com quem você tá falando, Mimizinha?
O olhão arregalado volta-se em direção à voz materna.
− Com quem cê tá falando, Mimi? Conta pra mamãe, conta.
Mariazinha pisca os olhos, abre a boca e balbucia um pequeno ponto de interrogação, como se aguardasse que a questão fosse melhor formulada. Sem complemento, volta-se para o seu afazer. Leva à boca o copinho todo babado, degusta novamente o suquinho nutritivo e derruba propositadamente o restinho do líquido sobre os folículos do amiguinho verde.
A séria brincadeira é interrompida uma vez mais pela voz adulta.
− Mimizinha... Mimizi-nha... Cadê a Mimizinha?
Dessa vez não. Mariazinha tinha sérias pretensões de continuar alimentando o brotinho. Não iria, de forma alguma, deixar que as perguntas bobas da mamãe lhe tirassem a concentração.
A palminha da mão branquinha de Mariazinha, com os dedinhos ainda miudinhos, largam o copo e vão em direção ao pequeno ser vivo. Na ida, um carinho e meio esbarrão. Na volta, meio esfregão e um aconchegante afago, como daqueles que mamãe costumava conceder-lhe na hora de dormir. E pronto. Agora já podia cuidar dos bichinhos inanimados que a cercavam e habitavam o baldinho de brinquedos.
− Mã... Suzu.
− Tá suja Mimi? Vamos tomar banhinho?
− Nã... Esse suzu.
Por mais que Mariazinha se pusesse a explicar que a sujeira vinha da coisa sem vida. Dos seres inertes e sem pulsação. Não haveria de ser entendida. A cabeça girava uns cento e oitenta graus, de ombro a ombro, destacando a negação, e o curto bracinho esticado mostrava o problema. Mas a mamãe não queria ver além dos resquícios de terra que adornavam o vestidinho e que serviam de testemunhas dos divertidos minutos de Mariazinha junto à natureza.
− Bebê vai tomar banhinho agora...
Na banheira, água quentinha e patinhos de borracha. A mamãe tenta a todo custo distrair Mariazinha. Em vão. No marasmo daquele lago fictício, ela adormece. Enrolada na toalha fofinha, se aconchega no pijaminha cor-de-rosa e é conduzida ao berço, enquanto o início da tarde se anuncia junto ao som de uma leve garoa. Com o polegarzinho entre a língua e o céu da boca, Mariazinha sussura de olhos cerrados: “botinho toma bainho tamêm”.
A mamãe, ouvindo a pequena enquanto se apressava em deixar o quarto nas pontas dos pés, para e sorri. Era como se, finalmente, a manhã com sua também pequena criaturinha tivesse feito sentido.
− Pode deixar Mimi... Se depender de mim, vocês dois crescerão juntos.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Mais uma despedida

E assim como cheguei, parti.
Foram pouco menos de três meses no ritmo alucinante do Bom Dia, até que o corpo e principalmente a mente descansaram.
Na manhã desta sexta-feira, eu, Kadija Rodrigues (repórter), Dago Nogueira (fotógrafo dos bons) e João Guilherme (diagramador e arte finalista) fomos dispensados do jornal, num corte que deixa dessa vez o diário nas mãos de três editores, quatro repórteres e dois fotógrafos.
O motivo: corte de gastos.
O que me conforta é saber que fui dispensado com outros três grandes profissionais, que apesar do intenso ritmo de trabalho, nunca esmoreceram. Gente de fibra, que merece tudo de mais nobre em suas vidas profissionais.
Sinto por ter ficado pouco tempo, pois por menor que tenha sido minha passagem pela rede, o coração está mais apertado por ter deixado amigos. Sim, amigos, companheiros que me ajudaram, que viveram angústias parecidas com as minhas, que sorriram e que choraram em minha despedida.
E o mais duro é ter a certeza de que vida tem que continuar e que vai continuar, mesmo sem querer. O jeito então é viver e ajudar a compor outras pautas!

Um grande abraço aos que ficam e aos que se foram comigo!

Força sempre!