quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Passando

E depois da chuva? O que veio foi a boca úmida, que balbuciava o amor em respingos saudosistas.
Apesar do olhar entre os fios molhados e despenteados que ornavam a testa pálida de saudade, mantinha a vida quente dentro da alma.
Uma saudade amortecida pelos anos, pelo tempo corroído de lembranças infundadas e estéreis.
Ah, minha menina! Há quanto tempo não te via? Está diferente, mais moça, mais velha, mais... diferente. Os olhos já não me encantam, mas as lembranças... essas sim são cruéis.
E nesses descompasso, de vaidade cerrada por um clichê de não mais querer saber, ou um simples dar de ombros, senti a chuva, seu frio, suas gotas. Não sei onde se esconde o sol. Talvez por ele se esconder com afinco de mim. Mas hoje o que mais me importa é sentir a chuva como minhas já inexistentes lágrimas pelo que não se passou, e pelo que se passa num eterno passando.