segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

À caça de tempo

Há alguns dias retomei a escrita de meu próximo livro, um romance completo, que poderá virar trilogia, ou não, como bem diz Caetano. Vamos ver no que resultam minhas ideias malucas. Comecei a empreitada em 2010, com a doce ilusão de que o finalizaria no final do mesmo ano. Mas adivinha o que me impediu... o tempo! Ou melhor, a falta dele... ô coisinha difícil de encontrar. Mas na semana passada, diante de tantos outros projetos (empresariais) que estão aparecendo na minha frente, decidi que o melhor seria enfrentar a falta de tempo de frente, dar aquela boa encarada. Ah é? Não tenho tempo? Então vamos ver se eu não arranjo tempo... taí... enfezei com a questão.
Por isso, no início da semana passada retomei o projeto do 2o livro. O mais difícil em se retomar o projeto é ter que lê-lo a cada vez que o remoto, e a cada vez que isso acontece, ter que reescrever vários pontos que, devido à natural maturação de todos os textos, sempre é necessário. A tarefa agora ficou um pouquinho mais fácil com o tablet que ganhei no ano passado, o que me possibilita a escrever o livro em qualquer segundo que me sobre entre a empresa, a faculdade (bem mais difícil nesse 3o ano) e meus demais afazeres diários.
Fica aqui a promessa de tê-lo terminado em dezembro. Quanto à impressão, darei a chance para algumas editoras que já me sondaram a respeito do novo projeto, mas desde que minhas exigências forem atendidas (rs). Caso contrário, vai novamente para o Clube dos Autores.
Então é isso... que venham os parágrafos e as exclamações!

Em tempo: ainda bem que acabou a m... do horário de verão, uffa... ir para a faculdade já com a refrescância do início da noite é indispensável!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Hoje o dia está ensolarado?

Lembro bem dos dias em que a "tia" ditava o cabeçalho correto aos aluninhos queridos da 1a. série, em meados dos anos 80:
- Jundiaí, 27 de março de 1984... hoje o dia está ensolarado...
- Mas tia, ontem a gente já escreveu isso - argumentava um dos pequenos.
- Porque o dia também estava ensolarado, assim como hoje... olha que sol mais lindo!
Nuvens iluminadas.
- Tia, acho que vai chover! - gritava a menina atrevida no fundo da sala.
- Que chover que nada... já escreveu? Vamos começar a aula.
Silêncio. Por mais absurdo que isso possa parecer hoje, todos ficaram quietos, respeitando a superioridade da opinião da "tia".
- Tia, tá chovendo?
A professora olha pela janela e vê alguns pingos de chuva.
- Não. Isso é apenas uma garoa.
- O que é garoa? - pergunta outro pirralho.
- São minúsculas gotas de água.
- Minúscula é letra, não é? A tia já ensinou isso...
- Minúscula é algo menor. Por exemplo, se há gotas de tamanho normal, a garoa é uma gota menor. Entendeu?
- Então garoa é uma chuva minúscula?
- Não. Garoa é garoa, não é chuva. Agora todos calados, que eu vou fazer a chamada. Ariane...
- Presente.
- Beatriz...
- Tia, e agora? Tá chovendo ou ainda é garoa? Porque se estiver chovendo é melhor mudar o cabeçalho, né?
A "tia" espia a pancada de chuva lá fora.
- Não... isso é apenas uma pancada de chuva, nada mais... podem deixar como eu ditei.
- Pancada de chuva é chuva, não é?
- Pancada de chuva é aquela chuva que acontece sem querer acontecer, que vem e logo passa e sai o sol bonito outra vez. Agora deixem-me terminar a chamada.
- Beatriz...
- Presente.
- Bianca...
- Tia, acho que a pancada de chuva veio pra ficar... olha só como ficou forte.
Por cima dos óculos a professora olha o céu desabando. Árvores se debatendo e telhas de casas vizinhas voando.
- Não se preocupem... é apenas uma tromba d'água, nada mais.
- Então é melhor a gente mudar o cabeçalho para "hoje dia está tromboso"?
- Que tromboso o que, menino? Hoje o dia está ensolarado e ponto final.
- Mas essa chuva tá mais forte do que a de ontem. E ontem a senhora falou que o dia estava ensolarado mesmo estando com chuva, que ia passar, mas não passou.
- Porque estamos em uma época que costuma acontecer isso...
- Costuma chover?
- Não... costuma haver chuvas de verão.
- E qual a diferença entre chuva de verão e chuva normal?
- Chuva de verão é uma chuva que vem só pra refrescar e chuva normal vem e fica.
- Mas essa chuva já tá aí faz tempo... quanto tempo mais é preciso pra virar chuva normal?
A professora caminha até a janela, olha com olhos de desesperança e anuncia:
- Ok. Vocês venceram... mudem o cabeçalho para "hoje o dia está nublado".
- Nublado, tia? Tem até árvore caindo lá fora... acho melhor "hoje o dia está horrível".
- Não está horrível. Escrevam então que "hoje o dia está chuvoso".
- Chuvoso? Tá é acabando o mundo... olha lá tia, a rua tá alagada...
- Tá bom... escrevam que "hoje o dia está complicado". Aff... vocês não dão uma trégua. E me deixem fazer a chamada de uma vez por todas. Bianca...
- Tia, tá entrando água por baixo da porta...
- Ai meu Deus... todos pra cima das carteiras.
- Legal... vamos escrever que "hoje o dia está péssimo, uma m..." - grita o bagunceiro da classe, dando início à bagunça generalizada.
Aos poucos a chuva diminui, para alívio da "tia". A água sai da classe e todos voltam a se sentar.
- E agora, tia?
- E agora o quê?
- O que colocamos no cabeçalho?
- Que "hoje o dia está péssimo, horrível..." sei lá... o que vocês quiserem.
- Mas tia, "hoje o dia está ensolarado" - aponta o menino mais quieto da sala.
Lá fora, o sol saía dentre as nuvens e anunciava a calmaria do pós tempestade.
- É... foi como eu havia ditado... "hoje o dia está ensolarado" por mais que haja problemas!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sorria... o carnaval só dura quatro dias!

É carnaval...
Alegria desmensurada
Confete na boca aberta
Serpentina misturada

É carnaval...
Carros que batem
Pessoas que morrem
Amores que vem e vão embora

É carnaval...
Pudores postos de lado
Vergonhas extrapoladas
Saradas, malhadas
Carne de sol

É carnaval...
E como tantos outros
E sempre e nunca
É quase igual.

E pra quem, assim como eu, não gosta de carnaval
Uma marchinha
Meio bossa, meio nossa
Meio minha cara... Copacabana...

***
Copacabana
(Marcelo Camelo)

Sinto copacabana por perto é o vento do mar
Será que a gente chega
Eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer mulher
Mesmo pra quem só carece de ver a viagem todo caminho que fazem
Todo destino padece aqui
Você precisa ver como fica no carnaval
O bairro do peixoto é um barato
E os velhinhos são bons de papo
Sinto copacabana por perto é o vento do mar
Será que a gente chega
Eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer mulher
Mesmo quando eu levo a vida de um astronauta eu sei quanto tempo que falta
Olha que o túnel está quase ali
Segura que a minha alegria não quer parar
O shopping da siqueira é um colosso
E as gordinhas um alvoroço

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O amanhã já chegou, mas o ontem ainda está aqui

Você já se sentiu preso num passado que não quer ir embora?
Eu me sinto assim vez por outra.
Pego-me pensando em coisas que já se passaram e em coisas que sequer chegaram a acontecer.
Deixar ir eu deixo, mas quem diz que a saudade vai?
São tantas novidades velhas, mais do mesmo e ansiedades vazias...
Que deixam ainda mais o passado com gosto de presente.

Procuro o passado em fotos urbanas;
No movimento das multidões;
Nas melhores canções de amor;
Também de ódio, é claro;
No escuro dos olhos fechados;
Na virtualidade;
No achismo;
No invisível.

Hoje eu sei que meu futuro já começou;
Que tenho o dever de ser feliz;
O mais intensamente possível;
O mais estonteante eu possa me sentir;
Meu tempo é curto;
Mas minha felicidade não precisa ser...