quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dez anos... e parece que foi ontem!

Há dez anos, em fevereiro de 2000, eu me dirigia a Bauru, cidade então desconhecida para mim, a quase 300 quilômetros de Jundiaí. Minha missão: iniciar uma vida, que duraria, no mínimo, quatro anos. O primeiro passo foi encontrar um lugar para me instalar, mesmo que provisoriamente. Um pensionato chamado Fratello, localizado na avenida Dr. Gonzaga Machado, paralela à avenida Duque de Caxias, foi a pção mais sensata. Soubera do lugar por um panfleto distribuído na cantina central do câmpus, na data da matrícula. Tratava-se de uma casa/pensão mista com cerca de oito quartos que naquele ano chegou a hospedar 13 homens. As mulheres que apareceram por lá, com seus pais, infelizmente tiveram o bom-senso de não ficarem.
Dona Márcia era a responsável por manter a ordem da casa, cozinhando, lavando e passando para todos aqueles que, além de pagarem o aluguel mensal, também contratava seus serviços extras de café da manhã, lavagem e passagem de roupas. Seu marido, o Mané, era dono de uma lanchonete que ficava no caminho para a Unesp, o que motivava-os a substituir, vez por outra, as refeições que pagávamos, por lanches cujo preço era bem maior para nós que para o público em geral.
Dentre inúmeros quartos ainda vazios, optei por completar o quarto que já tinha três estudantes: Gabriel, Alexandre e Rafael. Este último era da minha turma, no curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, período noturno, na Unesp. Dona Márcia prontificou-se em pedir-me: cuide do Rafael, pois a mãe dele assim me pediu. Concordei, mas pensei: e quem é que vai cuidar de mim? O fato é que nos tornamos muito amigos, quase irmãos, quase não, irmãos mesmo... por vocação. Nos perdemos no primeiro dia de aula. Íamos de ônibus sem saber onde descer. O busão lotado de veteranos e bixos. E o Rafael, que mais tarde seria batizado por mim como Charlie, devido à semelhança psiquico-física com Charlie Brown, de Charles Schultz, resolveu descer no lugar errado. Eu, vestido com a camiseta do curso, segui-o. Até hoje não sei porque fiz isso. Talvez tenha sido o pedido da dona Márcia ou talvez não. Tivemos que achar o caminho até o campus a pé. E achamos. No trote, fizemos pedágio e às 23 horas, quando retornávamos para o pensionato, também tivemos que nos virar para achar o endereço de casa.
Vivemos pouco menos de três meses no Fratello e acabamos montando nossa própria república, junto com um outro Rafael, que mais tarde receberia o apelido de Barriga, unespiano do curso de Sistemas de Informação, também no período noturno, o que facilitou inicialmente a convivência. Fomos morar em um apartamento novo, na rua Christiano Pagani, no condomínio Villa Verde, no inesquecível apartamento 34-C, embaixo daquelas minas (rsrs).
Uma noite, sentados os três na cozinha ainda vazia do apartamento, que aguardava a chegada do restante da mudança, como geladeira, mesa e fogão, imaginávamos como seriam os últimos dias daquela república que começava naquele instante. "Isso vai demorar", observei. "Nem quero pensar nisso... vai ser muito triste", completou o Barriga, que sairia do grupo dois anos antes. Hoje, dez anos depois, sinto saudades daqueles dias de banho gelado e comida feita no micro-ondas. Como passa esse tempo, meu Deus!

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Foto 1: Charlie (à esquerda) e Alexandre - tempos de Fratello
Foto 2: Turma de Jornalismo Noturno (Unesp) nos primeiros dias de aula, ano 2000

2 comentários:

Jana disse...

e pra comprovar... pela faixa, o Banespa ainda nem era Santander.
Pô! Isso faz tempo, hein?! rsrs

Gustavo disse...

Nossa... nem me fale. Nós ainda nem nos conhecíamos direito. Prova disso é que estou (na foto) na última fila à esquerda, de blusa azul e vc está na primeira fila na direita extrema. Essa foto foi tirada por alguém que não me lembro na cantina central do campus, simplesmente pelo fato de ainda não haver nessa época, a cantina de baixo. Ótimos tempos!