domingo, 2 de agosto de 2009

Jornalismo em trinta páginas

Foi durante um dos meus passatempos preferidos que, há cerca de um mês, tomei mais um tiro no meu ego de jornalista. Para quem não sabe, sou louco por uma banca de jornais. Não resisto a uma banca aberta e cheia de novidades. Pré-requisito para uma outra paixão que tenho: colecionar gibis de Maurício de Sousa.

Pois bem, foi com o propósito de adquirir uma revista do Chico Bento que, no início de julho, entrei na banca da avenida 9 de Julho, aquela localizada ao lado do Mc Donald´s e me deparei com um manual prático de como aprender jornalismo. Um livreto de pouco mais de 30 páginas que promete ao candidato a jornalista as noções básicas e necessárias para o exercício da profissão.

O que mais me espanta não é constatar a cada dia que a profissão que um dia escolhi, a profissão pela qual estudei quatro anos foi banalizada por juristas de visões limitadas acerca do impacto social que suas decisões causarão a médio prazo, mas a rapidez com que editoras se prestaram ao desserviço de compactuar com a desregulamentação da profissão.

Peguei o livreto, folheei e tive uma vontade imensa de rasgá-lo, picá-lo, incendiá-lo, mas meu bom senso me convenceu que o pior castigo para ele e para a editora seria mofar na prateleira.

- Nossa, que absurdo né?

Foi esse o comentário feito pelo motorista do Bom Dia, que tinha acabado de adentrar a banca e me visto folhear a publicação. Como ele bem disse, mesmo não possuindo ensino superior até ele consegue entender melhor do que o ministro Gilmar Mendes, que o jornalismo não se aprende como um curso daqueles oferecidos pelo antigo Instituto Universal.

- Não vejo qual a razão então de não termos também a liberação da profissão de advogado, já que é tudo uma questão de técnicas. A gente bem que poderia entrar na banca e escolher o que ser, sem precisar de ensino superior.

Esbocei um sorriso de indignação e satisfação por ver que um humilde cidadão compreendia meu desgosto, me despedi e fui embora.

- Quem sabe a coisa não melhora e a gente volte a se encontrar em alguma redação? Tudo de bom! Desejou-me.

É... quem sabe?

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PS: A imagem acima é meramente ilustrativa, não se referindo ao livreto em questão.

Um comentário:

Unknown disse...

Ahhhh, Gu!
Se eu pudesse entrar na banca e escolher o que "ser da vida", acho que eu criaria a profissão "turista" - nem cá nem lá, mas cada hora em algum lugar que me desse o prazer de ser jornalista. Acho que eu me daria bem viajando e escrevendo. E nunca ia querer um manual! Deus me livre. Salve a criatividade!!!