Pois bem, foi com o propósito de adquirir uma revista do Chico Bento que, no início de julho, entrei na banca da avenida 9 de Julho, aquela localizada ao lado do Mc Donald´s e me deparei com um manual prático de como aprender jornalismo. Um livreto de pouco mais de 30 páginas que promete ao candidato a jornalista as noções básicas e necessárias para o exercício da profissão.
O que mais me espanta não é constatar a cada dia que a profissão que um dia escolhi, a profissão pela qual estudei quatro anos foi banalizada por juristas de visões limitadas acerca do impacto social que suas decisões causarão a médio prazo, mas a rapidez com que editoras se prestaram ao desserviço de compactuar com a desregulamentação da profissão.
Peguei o livreto, folheei e tive uma vontade imensa de rasgá-lo, picá-lo, incendiá-lo, mas meu bom senso me convenceu que o pior castigo para ele e para a editora seria mofar na prateleira.
- Nossa, que absurdo né?
Foi esse o comentário feito pelo motorista do Bom Dia, que tinha acabado de adentrar a banca e me visto folhear a publicação. Como ele bem disse, mesmo não possuindo ensino superior até ele consegue entender melhor do que o ministro Gilmar Mendes, que o jornalismo não se aprende como um curso daqueles oferecidos pelo antigo Instituto Universal.
- Não vejo qual a razão então de não termos também a liberação da profissão de advogado, já que é tudo uma questão de técnicas. A gente bem que poderia entrar na banca e escolher o que ser, sem precisar de ensino superior.
Esbocei um sorriso de indignação e satisfação por ver que um humilde cidadão compreendia meu desgosto, me despedi e fui embora.
- Quem sabe a coisa não melhora e a gente volte a se encontrar em alguma redação? Tudo de bom! Desejou-me.
É... quem sabe?
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PS: A imagem acima é meramente ilustrativa, não se referindo ao livreto em questão.
Um comentário:
Ahhhh, Gu!
Se eu pudesse entrar na banca e escolher o que "ser da vida", acho que eu criaria a profissão "turista" - nem cá nem lá, mas cada hora em algum lugar que me desse o prazer de ser jornalista. Acho que eu me daria bem viajando e escrevendo. E nunca ia querer um manual! Deus me livre. Salve a criatividade!!!
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