Eu tenho manias.
E quem não as tem?
Tenho uma que é fazer paródias de músicas que estão irritantemente sendo tocadas nos meios de comunicação de massa. Aliás, odeio meios de comunicação de massa, assim como essas músicas.
Mas o fato é que não há como ficar imune a eles.
E de tanto ouvir mesmo que sem querer uma dessas músicas, a gente acaba incorporando-as na cabeça.
Pra escapar disso, tenho a mania de exorcizá-las criando paródias com suas melodias.
Não sei se tem algo a ver, mas o engraçado é que toda paródia que faço, ali de improviso, eu sempre começo com a palavra "quando".
Mas o que isso tem de especial?`
Pra mim, não passa de uma falta de criatividade e uma palavra chave que me abre caminho para outras.
Mas pra minha psicóloga... ah eu tenho certeza que pra ela essa palavra tem um outro significado.
"Quando é o que ainda não veio, mas pode vir, ou você acredita que venha", dirá ela sem pudor algum de me pôr na parede.
"Mas o quê será que eu devo estar esperando?", direi eu com cara de bobo, apesar de saber a resposta.
"O que você espera que aconteça?", indagará ela com um sorriso no canto dos olhos, como se não quisesse me inquirir, embora já o estivesse fazendo.
"Não sei, juro que não sei... um filho?", arriscarei como quem lança mão do óbvio para tentar pôr a peneira onde sabe que não deve.
"E quando virá esse filho? E o pai? Será que vem junto?", satirizará a conversa procurando me fazer confessar.
"O problema não é o pai...", desabafarei com os olhos marejados e pronto pra acabar a sessão.
No carro, ao invés de ligar a frequência modulada para cantar o quando, eu ouvirei Los Hermanos, ligarei a seta e arrancarei a favor do vento cantando:
"Veja você... onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso por favor...
Esse é so o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar..."
****************************************
Los Hermanos - Conversa de Botas Batidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário