segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Corra que o pedreiro vem aí 3.250 e um terço


Obras... são horríveis, mas necessárias! O pior é fazer papel de bobo já sabendo que seria assim quando se contratou o pedreiro. Aliás, tem categoria mais inconveniente do que a de pedreiro e seus ajudantes? Tá certo, tem alguns que são melhores que outros, mas em geral, é a mesma coisa: enrolação e muita perturbação.

Decidi substituir toda a grama do meu quintal por um piso antiderrapante. Ah chega! Só gosta de grama quem nunca a teve. O trabalho é imenso. Na época de chuvas intensas, ela cresce muito e desordenadamente. Então, após muitas trombas d´água que encheram meu quintal, decretei o fim da era verde no fundo da minha casa.

Chamei um pedreiro que conhece o serviço, pois já fez inúmeros trabalhos nas casas vizinhas aqui do meu condomínio. O valor orçado pelo dito cujo: R$ 1.800 para trabalhar uma área de 40 metros quadrados. Não, sem chance, não tenho todo esse dinheiro, ainda mais desempregado. Um mês depois chamei outro pedreiro para um orçamento: o seo Zé Antônio, que andava pelo condomínio panfletando seus serviços.

- Faço pro senhor R$ 1.300. O senhor me dá metade quando eu acabar o contrapiso e o restante no final da obra.

- E quanto mais ou menos eu vou gastar com material?

- Ah, mais ou menos uns R$ 600.

- Com tudo incluído?

- Tudo.

- Pô, então pode vir.
- O senhor pode mandar vir esses materiais já na semana que vem, que é o básico. Depois a gente compra o resto.

A primeira compra me saiu R$ 770.

- Tudo isso? Num sabia que a areia tinha subido... Lamentou seo Zé.

Após a retirada de toda a grama, uma chuva de quase dois dias transformou meu quintal em um chiqueiro. Só faltaram os porcos.
Toc-toc-toc.

Era o seo Zé, às 8h30 do terceiro dia de obra, batendo na porta da cozinha para pedir que eu ligasse para o rapaz da betoneira (máquina que mistura os ingredientes do concreto).

- Mas eu?
- É, pede pra ele trazer a betoneira amanhã às 8h.

- Não seria melhor o senhor mesmo falar com ele?

- Não, fala o senhor mesmo.

Tirando o fato de eu estar superatrasado ao ponto de não conseguir tomar sequer meu café da manhã, atendi ao pedido.

- Por favor, eu queria pedir a betoneira amanhã, aqui na obra do condomínio tal, na casa tal...

- É pra obra do seo Zé?

- O nome dele é Zé, mas eu não sei se é o mesmo.

- Mas e se chover amanhã?

- Olha companheiro, eu não sei. Só estou pedindo a betoneira porque ele pediu pra que eu pedisse.

- Faz o seguinte: eu não tenho caneta aqui agora comigo. É pro seo Zé, né? Então fala pra ele que depois eu ligo no celular dele.

Finalizado o primeiro drama, a concretagem foi feita. O problema é que nunca as coisas numa obra saem como o planejado.

- O senhor não vai rebocar o muro?

- Minha intenção é essa, mas não agora.

- É que se o senhor puser o piso sem rebocar o muro, quando for rebocar vai acabar perdendo o piso.

- E quanto me sairia mais esse serviço?

- Faço pro senhor por R$ 600.

- Ai meu Deus... então faz. Quais os materiais?

- Eu deixo a lista pro senhor e aproveito e deixo também a lista com os outros materiais pra assentar o piso.

A lista para o reboque do muro ficou em cerca de R$ 140 e a do assentamento ficou em R$ 350. Junto com a caçamba de entulhos, alugada por R$ 90 a cada dez dias, a obra, por enquanto, está saindo pela bagatela de R$ 3.250, isto é, se a chuva não aparecer para estragar o reboque ou o assentamento do piso.

- Bem se vê que você é marinheiro de primeira viagem. Todo mundo sabe que quando o pedreiro fala um valor, você tem que acrescentar pelo menos uns 10% de imediato e nunca acreditar que só vai ser aquilo, destacou Janice, uma amiga minha aqui do condomínio. Ah... mas eu aprendo!

Nenhum comentário: