Obras... são horríveis, mas necessárias! O pior é fazer papel de bobo já sabendo que seria assim quando se contratou o pedreiro. Aliás, tem categoria mais inconveniente do que a de pedreiro e seus ajudantes? Tá certo, tem alguns que são melhores que outros, mas em geral, é a mesma coisa: enrolação e muita perturbação.
Decidi substituir toda a grama do meu quintal por um piso antiderrapante. Ah chega! Só gosta de grama quem nunca a teve. O trabalho é imenso. Na época de chuvas intensas, ela cresce muito e desordenadamente. Então, após muitas trombas d´água que encheram meu quintal, decretei o fim da era verde no fundo da minha casa.
Chamei um pedreiro que conhece o serviço, pois já fez inúmeros trabalhos nas casas vizinhas aqui do meu condomínio. O valor orçado pelo dito cujo: R$ 1.800 para trabalhar uma área de 40 metros quadrados. Não, sem chance, não tenho todo esse dinheiro, ainda mais desempregado. Um mês depois chamei outro pedreiro para um orçamento: o seo Zé Antônio, que andava pelo condomínio panfletando seus serviços.
- Faço pro senhor R$ 1.300. O senhor me dá metade quando eu acabar o contrapiso e o restante no final da obra.
- E quanto mais ou menos eu vou gastar com material?
- Ah, mais ou menos uns R$ 600.
- Com tudo incluído?
- Tudo.
- Pô, então pode vir.
- O senhor pode mandar vir esses materiais já na semana que vem, que é o básico. Depois a gente compra o resto.
A primeira compra me saiu R$ 770.
- Tudo isso? Num sabia que a areia tinha subido... Lamentou seo Zé.
Após a retirada de toda a grama, uma chuva de quase dois dias transformou meu quintal em um chiqueiro. Só faltaram os porcos.
Toc-toc-toc.
Era o seo Zé, às 8h30 do terceiro dia de obra, batendo na porta da cozinha para pedir que eu ligasse para o rapaz da betoneira (máquina que mistura os ingredientes do concreto).
- Mas eu?
- É, pede pra ele trazer a betoneira amanhã às 8h.
- Não seria melhor o senhor mesmo falar com ele?
- Não, fala o senhor mesmo.
Tirando o fato de eu estar superatrasado ao ponto de não conseguir tomar sequer meu café da manhã, atendi ao pedido.
- Por favor, eu queria pedir a betoneira amanhã, aqui na obra do condomínio tal, na casa tal...
- É pra obra do seo Zé?
- O nome dele é Zé, mas eu não sei se é o mesmo.
- Mas e se chover amanhã?
- Olha companheiro, eu não sei. Só estou pedindo a betoneira porque ele pediu pra que eu pedisse.
- Faz o seguinte: eu não tenho caneta aqui agora comigo. É pro seo Zé, né? Então fala pra ele que depois eu ligo no celular dele.
Finalizado o primeiro drama, a concretagem foi feita. O problema é que nunca as coisas numa obra saem como o planejado.
- O senhor não vai rebocar o muro?
- Minha intenção é essa, mas não agora.
- É que se o senhor puser o piso sem rebocar o muro, quando for rebocar vai acabar perdendo o piso.
- E quanto me sairia mais esse serviço?
- Faço pro senhor por R$ 600.
- Ai meu Deus... então faz. Quais os materiais?
- Eu deixo a lista pro senhor e aproveito e deixo também a lista com os outros materiais pra assentar o piso.
A lista para o reboque do muro ficou em cerca de R$ 140 e a do assentamento ficou em R$ 350. Junto com a caçamba de entulhos, alugada por R$ 90 a cada dez dias, a obra, por enquanto, está saindo pela bagatela de R$ 3.250, isto é, se a chuva não aparecer para estragar o reboque ou o assentamento do piso.
- Bem se vê que você é marinheiro de primeira viagem. Todo mundo sabe que quando o pedreiro fala um valor, você tem que acrescentar pelo menos uns 10% de imediato e nunca acreditar que só vai ser aquilo, destacou Janice, uma amiga minha aqui do condomínio. Ah... mas eu aprendo!
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